Um trabalho colaborativo depende diretamente das relações interpessoais e, por isso, é fundamental que o engajamento do grupo seja valorizado e constantemente estimulado. Para desenvolver projetos em grupo, as pessoas precisam olhar para propósitos e objetivos comuns, que estejam atrelados a elas e aos outros. Também é condição fundamental que se estabeleçam relações de confiança mútua.
Algumas dificuldades nas relações interpessoais podem bloquear ou tornar o desenvolvimento do trabalho mais lento. Ou seja, quando as pessoas não se sentem conectadas com uma ideia, é mais difícil alcançar o engajamento desejado e, consequentemente, chegar aos resultados esperados.
O grupo está com dificuldade em aceitar mudanças?
Tenha calma: é comum que as pessoas sejam imediatistas e não queiram sair da zona de conforto. Com o tempo, as conexões se fortalecem e, assim, o grupo pode passar a trabalhar com o alinhamento dos propósitos. Promova encontros acolhedores e valorize as diferenças. Compartilhe inquietações e estimule perguntas, dúvidas e curiosidades do grupo, sem julgar o que cada um está expondo. Uma dica é: olhar sempre para qual necessidade do outro que não está sendo atendida, e o que o grupo tem em comum.
Existem muitos pontos de divergência?
Em primeiro lugar, saiba ouvir o outro, evitando interrupções, distrações e julgamentos precipitados. Inclua e reconheça todas as ideias, sem separá-las por certo ou errado. É importante conhecer o lado de quem discorda e manter o ambiente livre para a troca e o compartilhamento. Lembre-se: em ambientes coletivos, sempre vão existir diferenças. Basta saber utilizar essa diferença como uma inteligência coletiva e como uma fonte para gerar mudanças, relembrando sempre aquilo que une o grupo.
Divergências e conflitos podem ocorrer, e uma comunicação assertiva pode prevenir que a situação se agrave e gere desmotivação. Para uma comunicação assertiva é importante a forma de conversar quando houver pontos divergentes, visando sempre uma comunicação não violenta.
Uma dica é seguir os passos a seguir:
- Observar os fatos, e não diagnosticar a situação. Ao abordar um assunto que gere divergência, iniciar a conversa relatando fatos e evitar julgamentos e acusações.
- Expressar os sentimentos que o fato mencionado está gerando em você.
- Entender e relatar qual necessidade não foi/está sendo atendida; esta necessidade pode ser pessoal ou do grupo. Importante falar sempre por si próprio.
- Terminar a colocação com um pedido claro, sem exigências, para que esta divergência não gere conflitos.
Importante sempre fazer a análise acima antes de se posicionar, para evitar conflitos.
Ao expressar seus sentimentos, acontece a conexão com o aspecto humano, gerando empatia e fortalecendo o relacionamento entre os integrantes do grupo.
A reunião está improdutiva?
Não podemos desperdiçar energia com encontros improdutivos, pois isso pode gerar desmotivação. Ao levar um assunto a uma reunião, devemos ter clareza do propósito, ter clara a reação que deseja desencadear no grupo.
E para isso devemos finalizar a nossa fala evidenciando claramente o que esperamos do interlocutor, ou seja, qual é o nosso pedido, evitando assim que o diálogo tome um caminho oposto ao propósito inicial.
É muito importante falar do fato, sem julgamentos ou acusações, e expressar o que estamos sentindo, com o objetivo de promover empatia. Porém é preciso ter cuidado, pois expressar dor ou sentimento sem um pedido claro deixa a reunião improdutiva.
As pessoas pensam que não pertencem ao grupo?
Analise se as decisões não estão sendo tomadas de forma hierárquica ou em pequenos grupos. Promova a colheita de sugestões e estimule que cada um dos participantes compartilhe o que considera melhor em cada situação. Também é importante pensar se as habilidades de convivência estão sendo exercitadas: evite comparações ou competições e foque na interação pessoal.
Falta um propósito comum?
Crie uma narrativa do projeto com informações fáceis de associar e lembrar. As histórias ajudam a construir identidade, valores, visões, trocas e emoções positivas. Quanto maior a conexão do ouvinte com a história, maior a possibilidade de engajamento!
As pessoas só pensam e falam no que não está dando certo?
Talvez seja a hora de apostar em uma linguagem mais positiva e baseada em fatos. Apresente bons resultados com frequência, olhe para o que já foi construído e para os sucessos. A linguagem com foco nas forças pode aumentar o bem-estar, a criatividade e a capacidade de solucionar problemas. Que tal criar o hábito de celebrar cada pequena conquista, promovendo orgulho e pertencimento? Você pode estimular que os participantes escrevam cartões de elogios uns aos outros, por exemplo. Essa é uma forma de reconhecer o esforço e demonstrar gratidão.
Não esqueça: trabalhos coletivos exigem a valorização do senso de coletividade, o convívio interpessoal, a comunicação clara e o consenso. Isso tudo se dá por etapas, não instantaneamente. Aos poucos, as pequenas atitudes e comportamentos colaborativos vão transformar os indivíduos em um grupo motivado.
A Comunicação não violenta propõe uma maneira mais assertiva do interlocutor sentir a gratidão:
- Dizer qual foi a ação que enriqueceu a nossa vida e pela qual somos gratos;
- Expressar quais sentimentos estão vivos como resultado do que ela fez;
- Falar quais necessidades nossas foram atendidas com a ação dela.
Assim a pessoa sentirá que de fato sua ação, sua contribuição fez a diferença, por menor que seja.